domingo, 18 de agosto de 2013

Lonely Destiny.

As lembranças ainda são doces, penso em um dia calmo e florido quando me vem à cabeça essas recordações. Um vento no rosto, um sorriso. As árvores balançando enquanto nós dois permanecemos deitados na grama só olhando o balançar das folhas dançando no vento.
A cabeça deitada sobre minha pélvis enquanto eu afago os cabelos pretos de fios finos. Observo seus olhos olhando pra cima, fecho os olhos, e tento fazer com que esse sentimento bom fique marcado em mim, como uma tatuagem, pra que eu possa me lembrar como é estar plenamente feliz quando eu precisar. Desejei que esse momento durasse pra sempre, ou que pelo menos se repetisse mais vezes, mas logo me lembro que as coisas não acontecem assim. Em breve tudo vai acabar como nas outras vezes.
A mente escurece. Tento forçar minha cabeça a voltar pro sentimento de paz anterior, me foco no "agora". Consigo sorrir de novo.
Os beijos demorados, as carícias, os afagos, os agrados, tudo perfeito, e perfeitamente combinando com a tarde ensolarada, com o gramado, com as árvores, com o lago. 
"Como dois cisnes de alvacentas plumas. Um dia um cisne morrerá por certo, quando chegar este momento incerto. E o cisne vivo, cheio de saudades, nunca mais cante e nem sozinho nade".
Naquele instante eu estava aceso, transbordando desejo. Não teria parado se não fosse impedido. Eu queria.
Depois no café, sentados no sofá, pedi bolo com sorvete. Imaginei que estivesse me mostrando como o retrato de uma criança.
O sentimento de companheirismo era grande, ali, abraçados no carro. Quase não soltei na despedida. Tive a sorte do adiamento da despedida por ter que voltar pro café pra pegar a chave do carro que havia ficado lá. E depois, nos abraçamos, nos beijamos, e nos despedimos. Foi um encontro bonito, uma pena que não iria se repetir. As coisas bonitas não se repetem. Já as coisas ruins tomam café da manhã comigo todos os dias.
Notei depois que havia algo faltando em mim, que só carinho não bastava pra haver um relacionamento mais profundo. Faltava fogo.
Libido que me deixava sempre que eu precisava, e voltava só depois de algumas semanas pra ver se eu ainda estava vivo. Mas logo ia embora de novo.
Ouvir os gostos sexuais de alguém que gosto e saber que não tenho qualificações pra fazer nada daquilo machucou. Pior foi ver que não gosto realmente de nada daquilo, ou que não me faria falta nenhuma ficar sem.
As preocupações logo chegaram à minha cabeça, os medos, as inseguranças. Pronto, o que tinha de desejo ali acabara de ser apagado com a enxurrada de medos.
O silêncio veio. Não houve mais conversa, me escondia com medo de conversas de tema sexual. Não queria chorar de novo. Ja estava chorando. Chorando por fora e por dentro.
"Atelofobia" é o nome que se dá a um medo grande de ser imperfeito ou de não ser "bom o suficiente". Uma fobia que te impede de fazer coisas durante a vida, coisas que pras outras pessoas é normal. Me lembrei dessa fobia e de repente me vejo encaixado perfeitamente nela. Atelófobo? Tenho medo de ir além com pessoas que acho "demais" pra mim com medo de não dar conta, de não ser o suficiente pra elas.
Talvez eu devesse ficar sozinho mesmo, não vou conseguir alguém que aguente esses surtos emocionais por coisas tão banais pros outros. Mas que na verdade me assombram violentamente as ideias. Assim minha cabeça fica mais tranquila, menos turbulenta.
No fim, a pesar de tudo, sempre estou sozinho mesmo.