segunda-feira, 24 de junho de 2013

My Chantilly Haired.

De repente, resultado de um elogio virtual, nos conhecemos. No começo é ótimo, aquela sensação de ser elogiado é demais. Ainda mais quando esse tipo de situação não é frequente. Depois vem a curiosidade sobre a pessoa. E depois vem o interesse. Podia parar por ai, pra poupar um pouco nosso coração, evitar que os alfinetes fincados no peito cheguem mais fundo. Mas não, temos a constante necessidade de procurar por sofrimento. Nunca estamos satisfeitos com a situação em que nos encontramos.
Depois de eras em abstinência emocional e afetiva, resolvo "dar uma chance". "Dar uma chance" é um ato tão estúpido, porque você sabe que vai dar errado, mas tenta mesmo assim. Que idiota, burro mesmo. O que eu posso esperar das coisas a não ser um "final trágico", como foi dito.
Depois que você clica em "aceitar amizade" o relógio começa a contar, e começa o jogo pela sua felicidade: Se você acertar qual das 325326465757 portas é a certa, você vai ser super feliz e ter a vida dos seus sonhos, igual aos curtas que invejo. Sabe, é desnecessário começar um jogo que você sabe que vai perder. Mas aquele sentimento insuportável de inquietação e de entusiasmo não te deixam desligar antes de dar game over.
Nos encontramos dois dias depois. Achei bonito aquela cena na frente da igreja. Aquela figura de cabelo branco sentado nas escadas da igreja. Não reparei nas raízes por retocar, achei lindo. Depois andamos no meio da multidão, e então, em meio a toda aquela gente, as mãos se tocam, e se seguram. Não liguei pras pessoa em volta, e comecei a sorrir. Encontrei conhecidos no meio das pessoas, e não me importei. A cena das mãos juntas foi fotografada na minha cabeça. Talvez eu queira esquecer isso em breve.
Eu ja estava esperando a hora, e então, chegou mais perto e aproximou os lábios: o primeiro beijo. Ali mesmo, no meio da praça. Eu ja não me preocupava com protesto nenhum, e causa nenhuma. Fui embora me sentindo ótimo e querendo aquilo pra sempre. Todo o resto parecia chato e sem graça.
O segundo encontro foi melhor ainda. Nós dois sentados na praça. O único que nos olhava era Carlos Gomes, sem julgamento nenhum. A alegria do contato e da aproximação nesses momentos é única. As mãos dadas, os abraços, os beijos carinhosos. Eu sempre fico me perguntando se essas coisas são realmente bonitas ou se eu sou emotivo demais. Foram 40 minutos só comigo, do meu lado, me ouvindo. Fui embora com o mesmo sentimento de mediocridade das coisas, me sentindo especial por estar com alguém.
A lua cheia estava chegando, e não pude perder a oportunidade de fazer algo único na minha vida: Sai do trabalho dois dias depois e fui de carro até lá, e realizei o "sequestro". Fomos no parque ver a lua juntos, bonito não? Será que é bonito mesmo ou é outra situação banal que eu exalto? Pra mim foi lindo, perfeito. Nós andando juntos nos trilhos do trem, segurando um a mão do outro. Seria ótimo se aquilo tivesse conotação subjetiva de "um dará suporte ao outro", mas acho que não tem.
Sentados ali, debaixo do poste, somente a lua nos olhava com o ar superior dela. Quando me abraçou, tentei procurar algo visual que pudesse me fazer lembrar aquele momento. Tinham os patos sentados no galho caído em cima do lago, tinha a lâmpada verde lá do outro lado. A lâmpada verde sim olhava com aversão, predizendo o desfecho maldito.
Nossos corpos ali, juntos. A camisa cinza com a minha preta. Aquele contato. O cabelo branco com raízes pretas que eu tanto afagava. Os lábios.
Minha mão era bem mais branca, e tinha aspecto cadavérico naquela luz. Me senti com vergonha do meu corpo, uma aberração. E adorava a imagem alheia. Ficava parado olhando, de pé ali do meu lado. Queria poder dizer "te amo", mas acho que o tempo de relacionamento que temos não me permite ainda. E quando estava indo devolver o "refém" do sequestro, queria correr o risco de um acidente de carro só pra ter um abraço ou um beijo, ou até uma mão apoiada em mim. Não gostei de ter que me despedir ali em cima da ponte, no meio do nada. Aquele beijo poderia durar pra sempre que eu não me importaria.
Foi lindo, queria que continuasse. Não queria cair no poço de novo, é bom aqui fora.
A frase contendo "final trágico" no conteúdo me deu medo, quis chorar ao ler aquelas palavras. Tinha esquecido dessa parte. Por que falou isso?
Acabei prevendo o final trágico. Queria tanto que desse certo, queria tanto. Mas aprendi que as coisas não são feitas pra dar certo. São feitas pra você se acostumar a estar no escuro do poço mesmo, porque se tentar subir, só vai cair e se machucar mais ainda.
Eu queria tirar você do meu pedestal, queria conseguir não me machucar com essas coisas. Vou acabar bem mal, mas o que faço? Acabo com tudo logo ou espero não ter mais jeito? Ah, a pior coisa é a esperança que temos em cima de uma causa que ja está perdida.
Não sei o que eu faço, e a paranoia não fica quieta na minha cabeça. Sou horroroso e não tem motivo pra alguém estar comigo. Logo vou estar sozinho de novo porque as pessoas tendem a se cansar de mim. É óbvio. É uma questão de tempo.
Ja vejo o abismo ali no final da estrada, e continuo andando. Talvez seja bom eu cair de vez e acabar com essa droga.
Preciso esquecer o cheiro do seu perfume.

Agora a questão é, será que passa do 4º encontro dessa vez?






http://www.youtube.com/watch?v=XaxhB1sJxEw

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